domingo, junho 04, 2006

todo tolo

Um livro curto, aberto pelas mãos sujas
e que em suas páginas
se maculam ainda mais a cada salivada em salpico à ponta dos dedos.

Chaga exposta ao tempo
tocada aos berros por uma voz que não a minha.
Por um coro que disserta acerca do que desconheço.

Lixo destapado com asco.
E cada traste dele retirado ganha um adjetivo dos vis
dado pela palavra de quem prezo.

Porta aberta que exala um torpor de náusea
por um pedaço mal acabado de corpo inerte
que nada faz além de não fazer.

Um caco em grades, um réu cativo
por intenções em desacertos, convicções vertiginosamente imutáveis
pela troça das horas.

Um saco locupleto por um engano e uma desistência
e ainda vazio.
Até de tolices.


Lucas dos Anjos