quarta-feira, março 04, 2009

Amigos amigos

Se a saudade fosse imensa que eu permanecesse só seria certamente o fim, e se eu não carregasse em mim um imenso cemitério de nomes e números ainda teria esperança de reviver um tempo passado, e se eu ainda lembrasse tudo o que juramos em altares hereges cobrar-te-ia, impiedoso, todo fracasso alcançado em tantas letras de músicas, bandas insurgentes em nós, livros trocados, música e poesia, que tudo resta iminente, parado no tempo, latente, ah se ainda lembrasse de tudo que eu disse incauto sobre os meandros de mim, sobre os obscuros de tudo, enrubesceria-me e arrependeria-me de ser, entregue assim, suicida, e agora, lembro de entregar-lhe tudo, todo tipo de sensação, e hoje, enquanto tenho um jazigo de sonhos, mármore frio, você ainda perambula com os meus, por aí, sem nem se dar conta de mim e do que era com você, e ainda sim levou de mim uma sede de tudo ver e guarda em vossos bolsos fundos sem visita, que não cuida, que nem porra nenhuma e que ainda gaba-se de ter a propriedade esquecendo-se de haver, portanto, a posse, passam túneis, rios de janeiros, alguns salários a mais e assim você toma altitude de gente grande, a fustigada altivez adulta, levando na bagagem cacarecos de outros, e se casa, tem filhos, leva segredo de tudo, orgulha-se em ser ilha, filha da puta! aqui, sou ilha também, mas tenho faltas e alguma saudade, sou fraco, frouxo, velho, barriga e careca, mas tenho o mesmo número e todo o tempo do mundo para sermos, como antes, amigos de mentira, e poderá, enfim, pagar o que me deve.