Nasci de olho fechado, tio,
Pelado, vivo de tudo, descansado
Um marco zero, às pampa, nos peito,
Nas anca
Esperando ser acordado
Um dia abri os olhos e vi
Não entendi, que cresci
Mas em volta nada,
O mundo diminuía, eu sabia
Que um dia, essa terra ficaria apertada
Tanta gente, ateu e crente,
Preto e branco, rico e pobre
Mas só pros nobre, pai,
A vida é diferente?
Eu fortalecia, de quebrada eu ia
De bike nas praça,
ia achando graça em tudo que via
As minas colava, eu ria
Bola na rua, as pipa
Até chegar as polícia,
As dura, as noite na delegacia.
Eu com os olhos já
bem abertos, Sabia
Que na vida de correria
era rei quem sabia andar
Inspira, expira, solta o ar
Chinelo, sapatinho
Igual Martinho, devagarinho... devagar
De olho aberto irmão, difícil ver
fechando e mente então
Pode saber
Perde o controle, jão, pra outro ter,
Vira boneco, irmão,
sem querer
Cresci, a mente muito mais
que os olhos abri
Queriam um fiel virei o cão,
Prometiam o céu, os barraco
Eu vi as biqueira, as boca, os avião.
E vi as garganta aberta e os caco
Vi tanta coisa, que cegou a visão.
Vários parceiros de infância,
todo mundo parente da violência
Na quebrada olhos arregalados
Tipo laranja mecânica
Os rolé nas madrugada
Só fumaça, parceria e consciência.
Os olhos já nem abria
Era trampo, escola e livraria
Os show de rap, as batalha,
As conta todas na cola
Na maior responsa, várias correria
Era assim que fluxo corria
Num piscar de olhos, via
Mil parceiros e vários filha da puta
Para um dia de glória
A vida inteira na luta.