enquanto eu caminhava você vinha e
sem pensar muito fui me acostumando a essas tantas vozes diárias
sem aperceber do vão que me causara
e como o passar das horas tinham diferentes pesos.
me olhava quase em transe.
nem cogito a possibilidade de falar das inúmeras medidas
como se disso tirasse algum proveito...
essas sempre fomos mestres em abandonar.
bem sei eu que isso tudo não passava de um jogo
e talvez por esse costume de brincarmos com o indevido
desses que te ensinei no respiro fraco e contínuo dos dias
acabamos por largar de vez nossos lugares-borboleta de antes
e com esses olhos embaçados você acompanhava cada ranço meu.
porque como sabe bem, essa maneira de lidar com o tempo a dois
na realidade de nossos dias impensáveis, apenas um esquivo,
tem lá seus riscos e não seríamos nós que mudaríamos isso.
e só quando eu cheguei bem perto
vi finalmente na sua negação o desespero inútil contra o tempo
e percebi que não poderia conceder-lhe minha mão
que mais uma vez venceu. e digo-te, com um certo asco (quem diria!)
que você começava a aceitar que dali por diante
sem deixar de sentir o sabor de lágrima me inundar a boca :
agora um era dois.
*nian.pissolati
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
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