Indagaram-me de pronto
Susto:
Algo indiscreto
te comove?
Sem pressa rebati
altivo
“No more”
Daqui dos meus
29
terça-feira, dezembro 01, 2009
segunda-feira, outubro 05, 2009
Se fosse por mim, pra ser feliz, tudo seria diferente ou não seria nada.
Estou preso
nos sonhos
dos outros
Acorda-te
E nada
Não há acordo
E ainda não sou
O que sempre
Imaginei.
Despertenço-me
Mais e mais
Eu e meu espelho
Que não me pertencem
jamais
nos sonhos
dos outros
Acorda-te
E nada
Não há acordo
E ainda não sou
O que sempre
Imaginei.
Despertenço-me
Mais e mais
Eu e meu espelho
Que não me pertencem
jamais
sexta-feira, outubro 02, 2009
terça-feira, setembro 22, 2009
quarta-feira, julho 08, 2009
Despedaço-me
O tempo não foi tão cruel e definitivo a ponto de proibir as idas e vindas dos pensamentos que visitavam com freqüência aquele tempo tão longe de se alcançar.
As memórias sempre se encontravam agasalhadas, em uma gaveta, em alguma parte do corpo que quando a sensibilidade batia à porta, fazia-se fácil viajar até ali e desdobrar algumas experiências empoeiradas e cheias de vida.
Daqui de onde estou, no tempo velocista de todo dia, da dinâmica instaurada pela vida adulta, tenho apenas alguns segundos para sentir saudades. Parado na calçada esperando um táxi, ou ali, empacado no trânsito nosso de cada dia. Nesses momentos vou acolá e resgato um daqueles pensamentos cheirando a setelagoas, esvazio um pouco a cabeça e assim inflo o peito, numa dor gasosa, etérea, grave que costumeiramente anda pareada a um marejo doido nos olhos. Um verdadeiro balão que se esvazia em cima e se enche abaixo tendendo ao estouro anunciado.
Sorte que eu tenho pouco tempo para essas coisas. Preocupo-me de fato com os outros que habitavam esse passado. Será que conseguem sobreviver a essa falta ou pouco se importam se um dia existimos? Se um dia existimos como uma liga delinqüente ou como uma confraria de fumantes, tomadores de café, rockers oitentistas, capoeiristas, vendedores de bebidas, comedores de mexido ou jogadores de vôlei.
Certamente eles já choraram de saudade mais do que eu sucumbi a tal ato. Sou ainda capaz de apostar que pegaram o telefone, procuraram alguns nomes na lista e telefonaram uns aos outros para saber se ainda magrelavam ou se a voz ainda estava rouca como quando ainda adolesciam.
Só de pensar sinto cheiro de comida. Os escândalos da pimentinha, os feijões noturnos de Licota, cachorros-quentes da Tia com chantagem de amizade e queijo por baixo, frango assado e coca-cola na volta do Regina. Acho que devo ser um dos únicos que hoje sofre com a balança. Será?
Tudo ali naquele tempo não faz nenhum sentido hoje, a não ser pelo fato de eu e dos outros sermos feitos dessas lembranças, pedaço a pedaço, e agora como sou? Esses pedaços latejam de falta em mim. Esburaquei-me desse tempo, dessas pessoas, desses amigos de quem fui subtraído pelo tempo que levou muita saudade e alguns cabelos de mim.
O que eu quero com tudo isso? Não sei, talvez eu queira ser como um polvo, guerrilhar em várias frentes, ter uma máquina de tele-transporte, ter férias por seis meses e um telefone de graça para tentar de alguma forma ajeitar essas gavetas semi-esquecidas. Esvaziar o peito de tudo ou quem sabe enchê-lo de novas idéias sobre velhas memórias. Rever alguns pedaços de mim que não sei ao certo se agora digitam números nos bancos, ensinam histórias, se vendem coisas ou se são vendidos, se moram com a mãe, fumam, casam e separam, se fazem filhos, se ainda acordam mal humorados, se ainda são bons de sinuca, se deixaram de ser sovinas, se pararam de se apaixonar por todo mundo, se conseguiram jogar fora suas tralhas ou se já se esqueceram de tudo.
Eu de minha parte sinto muito que tudo tenha que ser assim.
As memórias sempre se encontravam agasalhadas, em uma gaveta, em alguma parte do corpo que quando a sensibilidade batia à porta, fazia-se fácil viajar até ali e desdobrar algumas experiências empoeiradas e cheias de vida.
Daqui de onde estou, no tempo velocista de todo dia, da dinâmica instaurada pela vida adulta, tenho apenas alguns segundos para sentir saudades. Parado na calçada esperando um táxi, ou ali, empacado no trânsito nosso de cada dia. Nesses momentos vou acolá e resgato um daqueles pensamentos cheirando a setelagoas, esvazio um pouco a cabeça e assim inflo o peito, numa dor gasosa, etérea, grave que costumeiramente anda pareada a um marejo doido nos olhos. Um verdadeiro balão que se esvazia em cima e se enche abaixo tendendo ao estouro anunciado.
Sorte que eu tenho pouco tempo para essas coisas. Preocupo-me de fato com os outros que habitavam esse passado. Será que conseguem sobreviver a essa falta ou pouco se importam se um dia existimos? Se um dia existimos como uma liga delinqüente ou como uma confraria de fumantes, tomadores de café, rockers oitentistas, capoeiristas, vendedores de bebidas, comedores de mexido ou jogadores de vôlei.
Certamente eles já choraram de saudade mais do que eu sucumbi a tal ato. Sou ainda capaz de apostar que pegaram o telefone, procuraram alguns nomes na lista e telefonaram uns aos outros para saber se ainda magrelavam ou se a voz ainda estava rouca como quando ainda adolesciam.
Só de pensar sinto cheiro de comida. Os escândalos da pimentinha, os feijões noturnos de Licota, cachorros-quentes da Tia com chantagem de amizade e queijo por baixo, frango assado e coca-cola na volta do Regina. Acho que devo ser um dos únicos que hoje sofre com a balança. Será?
Tudo ali naquele tempo não faz nenhum sentido hoje, a não ser pelo fato de eu e dos outros sermos feitos dessas lembranças, pedaço a pedaço, e agora como sou? Esses pedaços latejam de falta em mim. Esburaquei-me desse tempo, dessas pessoas, desses amigos de quem fui subtraído pelo tempo que levou muita saudade e alguns cabelos de mim.
O que eu quero com tudo isso? Não sei, talvez eu queira ser como um polvo, guerrilhar em várias frentes, ter uma máquina de tele-transporte, ter férias por seis meses e um telefone de graça para tentar de alguma forma ajeitar essas gavetas semi-esquecidas. Esvaziar o peito de tudo ou quem sabe enchê-lo de novas idéias sobre velhas memórias. Rever alguns pedaços de mim que não sei ao certo se agora digitam números nos bancos, ensinam histórias, se vendem coisas ou se são vendidos, se moram com a mãe, fumam, casam e separam, se fazem filhos, se ainda acordam mal humorados, se ainda são bons de sinuca, se deixaram de ser sovinas, se pararam de se apaixonar por todo mundo, se conseguiram jogar fora suas tralhas ou se já se esqueceram de tudo.
Eu de minha parte sinto muito que tudo tenha que ser assim.
quinta-feira, maio 07, 2009
Inventando Letícia
Quanta falta faz Letícia.
Já não sinto mais seu cheiro impregnando meus cabelos, fazendo-me reviver todo mistério de toda noite. Dela, diferente de outrora, só tenho notícias vagas sobre tudo que já supunha. Como farei, então, para que em novo instante ela se chegue bem perto e se ofereça em carne pura, sorrisos largos e ironias? Ela ali, perfeita, em foco, inventando as belezas para cada novo rapaz desavisado, florescendo as coisas que toca.
Letícia sempre foi perigo. Desses alarmes que sempre queremos que nos denuncie, que remonte a natureza impulsiva da juventude que já nem sei se dela pertenço. Letícia era nuvem. Sempre caminhando e assumindo formas diversas, etéreas e todas inalcançáveis. Letícia não era vento, era brisa, uma brisa quente e úmida, como se existisse uma Europa tropical. Aos borrões negros os seus olhos percorriam o mundo angariando um sem número de novos devotos. Futuros mortos de fome e de sede a quem a saudade ainda há de abater como me acomete nesse instante.
Fecho os olhos bem forte para vê-la de novo. Sei que a invento mais que metade, a real, a outra quase metade, olharia para meus olhos apertados, passaria as mãos em meu queixo, sussurraria calores em meus ouvidos, indo-se com um olhar saliente que se estende e estica enquanto ela se perde na escuridão, onde a saudade faz a curva e deslizam-se as invenções.
Já não sinto mais seu cheiro impregnando meus cabelos, fazendo-me reviver todo mistério de toda noite. Dela, diferente de outrora, só tenho notícias vagas sobre tudo que já supunha. Como farei, então, para que em novo instante ela se chegue bem perto e se ofereça em carne pura, sorrisos largos e ironias? Ela ali, perfeita, em foco, inventando as belezas para cada novo rapaz desavisado, florescendo as coisas que toca.
Letícia sempre foi perigo. Desses alarmes que sempre queremos que nos denuncie, que remonte a natureza impulsiva da juventude que já nem sei se dela pertenço. Letícia era nuvem. Sempre caminhando e assumindo formas diversas, etéreas e todas inalcançáveis. Letícia não era vento, era brisa, uma brisa quente e úmida, como se existisse uma Europa tropical. Aos borrões negros os seus olhos percorriam o mundo angariando um sem número de novos devotos. Futuros mortos de fome e de sede a quem a saudade ainda há de abater como me acomete nesse instante.
Fecho os olhos bem forte para vê-la de novo. Sei que a invento mais que metade, a real, a outra quase metade, olharia para meus olhos apertados, passaria as mãos em meu queixo, sussurraria calores em meus ouvidos, indo-se com um olhar saliente que se estende e estica enquanto ela se perde na escuridão, onde a saudade faz a curva e deslizam-se as invenções.
quarta-feira, março 04, 2009
Amigos amigos
Se a saudade fosse imensa que eu permanecesse só seria certamente o fim, e se eu não carregasse em mim um imenso cemitério de nomes e números ainda teria esperança de reviver um tempo passado, e se eu ainda lembrasse tudo o que juramos em altares hereges cobrar-te-ia, impiedoso, todo fracasso alcançado em tantas letras de músicas, bandas insurgentes em nós, livros trocados, música e poesia, que tudo resta iminente, parado no tempo, latente, ah se ainda lembrasse de tudo que eu disse incauto sobre os meandros de mim, sobre os obscuros de tudo, enrubesceria-me e arrependeria-me de ser, entregue assim, suicida, e agora, lembro de entregar-lhe tudo, todo tipo de sensação, e hoje, enquanto tenho um jazigo de sonhos, mármore frio, você ainda perambula com os meus, por aí, sem nem se dar conta de mim e do que era com você, e ainda sim levou de mim uma sede de tudo ver e guarda em vossos bolsos fundos sem visita, que não cuida, que nem porra nenhuma e que ainda gaba-se de ter a propriedade esquecendo-se de haver, portanto, a posse, passam túneis, rios de janeiros, alguns salários a mais e assim você toma altitude de gente grande, a fustigada altivez adulta, levando na bagagem cacarecos de outros, e se casa, tem filhos, leva segredo de tudo, orgulha-se em ser ilha, filha da puta! aqui, sou ilha também, mas tenho faltas e alguma saudade, sou fraco, frouxo, velho, barriga e careca, mas tenho o mesmo número e todo o tempo do mundo para sermos, como antes, amigos de mentira, e poderá, enfim, pagar o que me deve.
sexta-feira, fevereiro 20, 2009
Desertos
I
Uma bebida quente recompõe desertos
que no oriente se faz tão certo
de, de repente, fazer-se repleto,
um deserto coberto de gente
II
Um copo cheio de um mar Caymmi
Caminha lento, um pisar disperso.
Tempestade de areia que me tranqüilize
Fartei-me, massivo deserto.
III
A salmoura da carne
É a culpa do mar
Que é banho-maria
Uma bebida quente recompõe desertos
que no oriente se faz tão certo
de, de repente, fazer-se repleto,
um deserto coberto de gente
II
Um copo cheio de um mar Caymmi
Caminha lento, um pisar disperso.
Tempestade de areia que me tranqüilize
Fartei-me, massivo deserto.
III
A salmoura da carne
É a culpa do mar
Que é banho-maria
terça-feira, janeiro 27, 2009
Gametas
Definitivo,
Na terra em que padeço
Agora permaneço
Pai do
Que mereço
Pertenço,
Transmutado em mim mesmo,
fortuito parentesco,
Naquele que enfim,
Finda em heranças
Gametas,
Infinito-me metade
Perpétuo no tempo
Transito em outro
Que não passa do mesmo
Fraciono-me
em terceiro
Existo em outra vida
Nuclear, um paterno
Parceiro.
Na terra em que padeço
Agora permaneço
Pai do
Que mereço
Pertenço,
Transmutado em mim mesmo,
fortuito parentesco,
Naquele que enfim,
Finda em heranças
Gametas,
Infinito-me metade
Perpétuo no tempo
Transito em outro
Que não passa do mesmo
Fraciono-me
em terceiro
Existo em outra vida
Nuclear, um paterno
Parceiro.
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