terça-feira, setembro 30, 2008

A casa do pai

Não te olho ainda com a profundidade que queria e já vejo tudo, te vejo todo. Ao meu modo, lógico, e imagino tanta coisa que queria que tu fosses e que tomara Deus não as será. Os seus traços e proporções sou eu quem as dá agora, por isso são tão óbvias, portanto não se conforme em conformá-las. Aceite-as por ora, por piedade a mim.

Tu és incluso e eu expectador atento e invasivo, querendo ao seu lado estar e cooptá-lo ao meu amor.

No seu duo, resguardado de interferências de toda sorte, cirandeio por fora em giro contrário - por erro e não por opção - acenando com os meus braços, querendo com as mãos tocar-vos dois, inventando um trio torto, escaleno, que há de seguir pra sempre com o lado que me cabe virado para trás, mas belo pelas duas arestas soberanas. Ainda sim me orgulho e me comprazo por essa harmonia estranha.

Não te tenho em mim, tampouco me conheces, mas me tens ao todo, dos pés a cabeça, sobremaneira esta, que também te espera, gera e se modifica por ti.

Pois sim, tens duas casas, uma de ventre e outra de vento. Uma em que te moras e outra que mora em ti.