Um vocábulo que foge do meu repertório. Na mala aberta e revirada, pedaços de sensações perdem os nomes e vestem outros para o meu esquecer.
O apelido do comum. A talidade do prosaico que me alfineta, como por uma brincadeira de mau-gosto, em busca de um sentido verdadeiramente relevante.
Como pode a aparência de algo que não me lembro mais e que significa algo tão costumeiro, quase dominical, se apossar de vários minutos dos meus recentes dias?
Eis o contraponto: o nome que escapa do seu dono, a coisa mais simples das coisas mais simples, que agora, escapa da bagagem empoeirada em busca de uma lembrança que, quando lembrada, se lembrada for, espera-se saciar a agonia sem nome que me faz ranger os dentes.
Tal léxico quer saltar alto da minha boca sugerindo um inacabado “ver...”. Tento invocar o que falta, mas parece-me andar por longe bastante desta mala aberta esquecida.
Curioso, eu diria. “Ver...” . A sugestão de um olhar perdido e inacabado. Um pedaço de palavra tão perto, assim como uma mão que alcança a mala entreaberta que se arrasta, deixando pelo caminho resto de coisas.
Um pedaço aqui, uma peça acolá. Algumas letras atrás, esquecidas num caminho, enredadas por um ambiente tão ver...
Como é mesmo o nome disso?
Lucas dos Anjos
segunda-feira, abril 17, 2006
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3 comentários:
erudito/contemporaneo que chama.
e as vezes o não saber é imensamente mais bonito que o saber.
b.
o melhor é não ter nome ou fingir que não tem.
x+2=?
doses diárias de "ignorância absoluta" faz bem. e viva a subjetividade! de certa forma, ela se faz objetiva para cada um.
vai um café?
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