enquanto manchava o cigarro com seu batom vermelho e soltava a fumaça penosamente olhou para seus olhos e mostrando pelos seus todo o abismo em que começava a cair, falou numa voz firme:
‘o limiar entre a distância inalcançável e o encontro é o toque’.
e na realidade ele se limitou a apenas ouvir som firme de sua voz e todo a sua beleza. quanto ao que ela dissera não fazia a mínima idéia. e nem queria fazer. depois que o silencio se tornou confortável, ela não suportou e num gesto que desnudava seu abismo (ela fechou os olhos por alguns segundos) disse, ainda com voz firme.
‘agora era preciso sentir o gosto amargo de um café’.
nesse momento sua paciência começou a se esgotar e sentindo todo a queda que ela começava a lhe proporcionar, ou antes, a vertigem que a queda poderia lhe causar, disse com a voz seca:
‘da sua vida você quer um romance de virginia wolf ou um filme muito triste. até para sofrer você é clichê.
‘me diga, quanto você pagaria por um sorriso sincero?’
dessa vez ele nem se prestou a levantar a cabeça.
nesse momento ela abriu os olhos e viu que seu abismo era dolorido demais para que ele entendesse ou quisesse entender. e que talvez nem ela entendesse. ou que a dor era grande demais para que pudesse ser compartilhada com alguém. ainda mais por ele.
‘o seu problema é que você não tem coragem para viver um clichê’.
sua voz ainda era firme.
*nian.pissolati.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
ai ai Nian. Para sofrer acho que sou clichê. Melissa
em certos momentos nada melhor que fumar um cigarro e tomar um café, melhor ainda se tiver um colo para esquentar.
é, ser clichê é ser clichê.
(amor...é, intensamente eu...)
e eu não sei quanto pagaria por um sorriso sincero.
o preço não é tabelado?! que pena.
não.eu nem tive preguiça.
ui.
Postar um comentário