quarta-feira, dezembro 14, 2005

Paz

Discreto e impassível, ele vinha andando pela rua. Olhar no horizonte, pensamento distante. Tédio. Pacata cidade, sem fortes emoções. Um gato malhado passa e mia sua angústia. Uma senhora assentada no ponto de ônibus lê uma revista. Crianças começam a sair do colégio do outro lado da rua.
Entra em uma livraria. Seu instinto o guia. Vai até a penúltima prateleira do pequeno estabelecimento entupido de livros de toda espécie. Não sabe o que procura. De repente, um pequeno livro, destes de bolso, com uma capa verde desbotada, o chama a atenção. É um livro de contos em francês. Não sabe falar francês, mas leva o livro. Chega em casa, encontra a carta de despejo, apanha então, inabalado, seus pertences , duas camisas, uma calça, seu chapéu e uma maçã que se encontrava perdida na geladeira. E vai embora. Na rua faz frio, e de madrugada, junto ao gato e de alguns outros despejados, aprecia seu livro, formando chamas verdes na fogueira. Com o ar mágico que as labaredas dão ao ambiente, dorme, para não pensar no amanhã. Sonha para esquecer a dor e para que o tempo passe sem lhe deixar feridas...

*npl

Um comentário:

Anônimo disse...

quaquaqua

patetico você querer bancar o escritor. melhor ficar só com a música, onde a picaretagem ainda é bem aceita