quarta-feira, dezembro 14, 2005

Pra ninguém ouvir

Façamos silêncio. Por tudo que vivemos. Por tudo que não vimos. Pelas intermináveis horas de silêncio entre eu e você. Pela falta. Pela parte que me falta, que ficou com você. E que você talvez a tenha perdido. Ou deixado em algum canto onde não precise vê-la.

Façamos silêncio pelos tantos momentos de agonia que eu passei e ainda vou passar. Pelo teu sorriso que me faz mal. Pelas noites mal dormidas. Pelas tardes que se tornaram infinitas. Por aqueles complacentes à minha dor, mesmo sem entendê-la, mas que acreditam entendê-la.

Nos calemos. Por tudo que já foi dito. Por tudo que deveria ser dito. E principalmente pelo o que nunca deveria ter sido dito. Pelos anos que vão passar, e que no fundo, eu tenho a consciência de que não irão mudar tanto assim.

Nada se fala. Pelo que ficou. Pela fina lâmina que sempre irá machucar, seja hoje, ou daqui a 20 anos. Pela cicatriz que não irá se fechar. Pelo costume. Costume que nos ensina a conviver com tudo isso e acreditar que tudo vai passar. Mas que na verdade nos torna mais ásperos. Mais robôs. Mais inanimados.

Te escrevi uma música. E ela é muda.

*npl

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